quinta-feira, 24 de setembro de 2020

ENTREVISTA: “Não temos a intenção de aumentar os preços, como está ocorrendo em todo o Brasil.”

Introdução

O empresário leopoldinense, Júlio Antônio Carraro Mendonça, um dos proprietários do Fonte Supermercados, que gera cerca de 600 empregos, participou recentemente, do Programa Haroldo em Notícias, levado ao ar pela Rádio Jornal AM. Na ocasião, o empresário esclareceu sobre a alta do preço de alguns produtos e falou sobre outros assuntos de interesse da população.

ALTA DOS PREÇOS – Na verdade, vou tentar justificar o injustificável. Eu quero deixar claro para toda a população, que não há interesse algum de nossa parte que os produtos alimentícios básicos aumentem de preço desta maneira como estão aumentando. A população tem que entender que na medida em que o cliente paga o arroz, o óleo, o sabão, o açúcar mais caro, ele vai deixar de comprar outros produtos que realmente dão lucro ao supermercado, tendo em vista que com os produtos básicos, nós trabalhamos com uma margem de lucro infinitamente pequena. O que aconteceu de verdade no mercado é que inexplicavelmente, os preços dispararam de um momento para o outro, sendo que as alegações dos nossos fornecedores, é que, por exemplo, o arroz diminuiu a safra e vem diminuindo a área plantada nos últimos anos, porquê durante um bom período o preço do arroz ficou muito estável, sendo que os produtores do Rio Grande do Sul estavam recebendo menos do que o custo de produção, então eles diminuíram a área plantada e com isso o Brasil teria que importar o arroz do Uruguai, da Tailândia e com o dólar no valor atual, sendo que a própria China diminuiu a sua área de plantação, devido a migração para o centro urbano e a evolução dos países orientais também puxou muito e atualmente eles preferem importar  estes produtos básicos e produzir produtos de valores, do que produzir determinados produtos, e aconteceu que o Brasil exportou mais do que deveria, ocasionando um desabastecimento no mercado, sendo um relato da Associação Mineira de Supermercados o qual eu sou o vice-presidente regional e da Associação Brasileira de Supermercados. Estas são as informações que recebemos deles, sendo estas justificativas com relação a alta do preço do arroz. Com relação ao óleo de soja, que também está disparando, estamos com compras futuras deste produto a R$ 6,74 a unidade, compramos pra receber no início de outubro neste valor, além do imposto que tem que ser pago. A produção da soja brasileira para o próximo ano, já está na sua maioria vendida, sendo que será plantada para ser colhida em 2021 e já existem vendas efetuadas deste produto para o mercado externo. O mercado também está desabastecido, mas não é só isso, o grande problema hoje é o dólar neste preço e junto a isto o material de limpeza está subindo e a verdade é que nós estamos em um momento de inflação que não nos é favorável de maneira alguma. Na minha opinião, os supermercados estão sendo sacrificados. O próprio presidente recentemente afirmou que iria conversar com os donos de supermercados e pedir mais patriotismo. Infelizmente nós temos nossos custos e com as pessoas comprando somente o básico, que também disparou nos preços, elas deixaram de comprar o secundário, que este sim deixa uma margem para os supermercados trabalharem. Pode entrar nos tablóides e ler as matérias que todas elas tem essa justificativa. Reitero que esta não é a nossa vontade, até porque temos concorrência e isso vem acontecendo em todos os mercados. Recebi a informação que o Atacadão, uma das maiores redes do Brasil, está vendendo o óleo a R$ 6,79. Então, não é o Supermercado Fonte que está vendendo mais caro, infelizmente hoje esta é a realidade do nosso país.

SUGESTÃO AOS CLIENTES - Sugiro neste momento, que os clientes migrem um pouco mais para outros alimentos, como por exemplo o macarrão e a batata, que estão com os preços mais baixos, e que façam um equilíbrio na hora da compra ou uma economia na cozinha para fazer com que o salário dure ate o final do mês. O Brasil exportou muita proteína animal e estávamos muito orgulhosos da balança comercial que estava sendo seguida pelos produtos do agro. Digo sempre, coitado dos cidadãos que estão pagando o preço de toda esta euforia que tivemos, sendo que o agro segurou a economia e agora estamos vendo o reflexo. O Brasil exportou muito mais soja e carnes, sendo uma cadeia, ou seja, se exporta muito boi, o porco e o frango automaticamente vêm e estas carnes e a soja estão com o preço bem alto. É injustificável, no meu ponto de vista, haja vista que as pessoas perderem o poder de compra os supermercados fazerem como antigamente quando tínhamos inflações muito altas, ficar alterando os preços todos os dias, não queremos fazer isso, mas quando isto é feito, é porque é realmente necessário. Nós empresários, queremos estabilidade para trabalhar. As pessoas irão continuar comprando, mesmo em pouca quantidade. Durante esta pandemia, o Fonte Supermercados não demitiu ninguém e quem estava em grupo de risco foi afastado.

AUXÍLIO EMERGENCIAL - As pessoas tiveram um poder melhor de compra neste momento, foi ótimo para a população e com o fechamento de lanchonetes e restaurantes, os consumidores voltaram com suas alimentações para dentro de casa e isso impulsionou as vendas dos supermercados em geral.

OBRAS QUE ESTÃO SENDO REALIZADAS- Adquirimos um terreno em Recreio, onde já estávamos com projetos de expandir. Enfrentamos algumas burocracias com toda documentação e com isso atrasou um pouco o nosso projeto, mas já temos mais de 30 funcionários trabalhando nesta obra e com isso estamos tentando recuperar o tempo perdido para inaugurarmos ainda este ano, uma loja com 870 metros de área de vendas e por Recreio ser uma cidade menor, eu penso que irá servir muito bem a população. Será uma loja muito bonita e moderna, a cidade merece um espaço como este. Já em Cataguases, alugamos uma parte onde era a antiga C&S e ampliamos a loja em mais ou menos 300m², o que está dando outro visual para o local. Estamos trocando pisos, mobília, rebaixando o teto com gesso e iremos colocar esta loja em um padrão Vila Fonte, ou seja, Cataguases vai ganhar uma loja nova muito bonita. Já tínhamos este projeto desde quando adquirimos na época do antigo supermercado Mineirão e acredito que até meados de Outubro, estaremos com esta obra finalizada. Ressalto que fizemos toda a reforma com a loja em funcionamento, o cliente tem compreendido e nos parabenizado por isso, sabendo que aquele transtorno é para uma grande melhoria. Por incrível que pareça, não perdemos nenhuma venda, mesmo com esta reforma acontecendo. Lembro que trabalhamos sempre com qualidade e preço justo, o que é obrigação do comerciante oferecer isto ao cliente. A peixaria de Cataguases, é a que mais vende, além dos outros setores que são sempre muito freqüentados, pois estamos localizados no coração da cidade. Somos seres humanos e às vezes erramos e sinceramente, peço desculpas pelas vezes que não conseguimos fazer mais pelos nossos clientes.

GERENCIAMENTO DOS SUPERMERCADOS - No ano passado, fizemos um investimento e mudamos nosso programa de gestão e cada loja do Fonte Supermercados tem o seu gerente e são ótimos e muito bem orientados, capacitados e qualificados para o cargo.

DOAÇÃO DE CESTAS BÁSICAS DURANTE A PANDEMIA - No inicio foi um alvoroço muito grande, pois ficamos com medo, não tínhamos a noção exata de como reagir, pois não sabíamos o que iria acontecer, mas mesmo assim resolvemos que faríamos doações de alimentos para as famílias mais carentes e colocamos como meta a doação de 20 toneladas de alimentos. Inicialmente, fizemos um acordo com a creche Anita Borela e com a Sociedade São Vicente de Paulo e com isso, distribuímos cerca de 100 cestas de alimentos por semana. Causa-nos um enorme orgulho, termos distribuído estes alimentos, pois penso que é um dever nosso ajudar a população.

MOMENTO CONTURBADO - Gostaria que as pessoas entendessem o momento conturbado que estamos vivendo no nosso país. Não é só cobrar dos supermercados, pois nós comerciantes estamos repassando aquilo que estamos comprando. Além do mais, temos impostos, funcionários, aluguéis, custos fixos que são inalteráveis, e com tudo isso, as empresas em geral têm que faturar. Estamos tentando fazer o máximo de promoções.

EXPECTATIVAS PARA O FINAL DE ANO - Vamos tentar inaugurar a loja de Recreio, tendo em vista que estamos trabalhando fortemente para isso, além de inaugurarmos as novas instalações do Fonte Supermercados de Cataguases, o qual fizemos um investimento muito grande. Adquirimos um terreno na entrada da cidade e se der tudo certo, digo isto por que não sabemos como vai ficar a economia no Brasil, eu tenho sonhos e projetos para expandir mais a empresa. Estamos buscando várias oportunidades para termos mais lojas, e além do mais, como o Vila Fonte ocasiona alguns transtornos no trânsito, nós temos a idéia e queremos fazer uma centralização em um depósito, sendo que deste depósito, as mercadorias seriam distribuídas para todas as outras lojas. Peço desculpas, pois no Vila Fonte tem cerca de 450 pessoas trabalhando e entendemos o transtorno, mas peço que as pessoas entendam que isto é geração de empregos e renda, sendo um progresso para a nossa cidade. Temos um pré-projeto que ainda não concluímos, pois estamos dando preferência para a construção da loja de Recreio e a obra de reforma em Cataguases. Temos que ir com calma, não pode haver atropelamento. Então,em breve já começaremos a trabalhar na construção do centro de distribuição. Com as obras em Recreio e em Cataguases estamos com aproximadamente 600 funcionários, sendo que em Recreio, todos os funcionários são da cidade, demos esta preferência .

AUMENTO DOS PREÇOS DA CARNE SUÍNA - A carne suína teve um enorme aumento, o kilo hoje está custando por volta de R$11,00 e de um modo geral, como eu disse, o valor das proteínas subiram muito.

O QUE ESPERA DA NOVA ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL, QUE ASSUMIRÁ EM 1º DE JANEIRO DE 2021 - Nós nunca fomos para o lado da política e no dia a dia nós geramos emprego. Estamos envolvidos no desenvolvimento da cidade e sempre acreditamos nos bairros e no bairro Bela Vista  e demais bairros adjacentes e também o Vila Fonte que hoje é ate um ponto turístico de Leopoldina. Eu espero que o próximo prefeito tenha a humildade de entender que nós, não que não entendemos de política por exemplo, mas eu administro uma empresa e não sei fazer nem um pão de sal que é o básico nas padarias, eu não entendo de varias coisas dentro do mercado por isso temos várias pessoas para focar em cada área e nos assessorar. Na minha opinião, o próximo prefeito de Leopoldina, penso que ele  não queira fazer tudo sozinho. Leopoldina é uma cidade que, infelizmente somos pouco audaciosos, as pessoas não incentivam os pequenos a crescerem. O Leopoldinense não é investidor, a LAC por exemplo está mal, sendo que nós éramos uma referência em laticínios e atualmente todo leite produzido aqui na nossa cidade, está sendo processado em outras cidades, e não criaram uma segunda empresa de laticínios porque não somos empreendedores, não está no sangue Leopoldinense. Aqueles que querem realmente crescer têm que serem incentivados. Eu quero uma cidade  economicamente boa e socialmente com uma boa qualidade de vida, para todos. Seria ótimo se todos 53 mil habitantes de Leopoldina, estivessem na mesma situação econômica. Penso que a única maneira de melhorar a qualidade de vida e desenvolver o pequeno empresário, é criar um conselho construtivo, pois será uma ótima idéia para o gestor, criar conselho com pessoas da sociedade em geral, para poder ouvir a população e principalmente as reclamações.




SUSPENSÃO DOS PAGAMENTOS DOS ALUGUÉIS DAS LOJAS DO VILA FONTE - No início da pandemia, fizemos um acordo com os donos das lojas localizadas no Vila Fonte, no qual eles pararam de me pagar o aluguel no dia 15 de março e retornaram só agora em agosto, pois entendi o quanto eles estavam passando por um momento complicado e a melhor maneira foi negociar neste momento e espero que após a pandemia eles não migrem dos meus pontos. Com todo esse caso do COVID-19 tivemos apenas 4 casos no nosso grupo até esse momento, sendo um número muito bom, por termos em média 600 funcionários. Fizemos um ótimo trabalho de prevenção.

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