“Leopoldina é uma
cidade muito rica em potencial turístico, em atrativos, mas nós precisamos e
temos uma grande missão: transformar estes atrativos turísticos para que eles
possam ser comercializados efetivamente no trade turístico.”Introdução:
Victor Guilherme é graduado em Turismo, pela UFJF –
Universidade Federal de Juiz de Fora, pós-graduado em Administração Hoteleira
pelo SENAC e Mestre em Ciências Sociais pela UFJF. Atualmente é gerente do
Hotel Minas Tower e sócio da Dom Bosco Empreendimentos Imobiliários. Nesta
entrevista concedida recentemente ao Programa Roda Viva, apresentado por
Arnaldo Spíndola, aos sábados na Rádio Jornal AM, ele comentou sobre o
potencial turístico de Leopoldina, nas áreas de cultura e lazer.
Arnaldo Spíndola : Como
você avalia o potencial turístico de Leopoldina?
Victor Guilherme – É muito bom e proveitoso participar
desta troca de idéias, tendo em vista que temos conversado muito sobre projetos
para as áreas de cultura, esporte lazer e turismo. Leopoldina é uma cidade
muito rica em potencial turístico, em atrativos, mas nós precisamos e temos uma
grande missão: transformar estes atrativos turísticos para que eles possam ser
comercializados efetivamente no trade turístico. Então, nós temos que escolher
estrategicamente alguns dos pontos principais, alguns dos nossos atrativos
principais e darmos um tratamento necessário para que estes atrativos sejam
trabalhados em forma de produto e ofertados ao mercado de consumo de turismo.
Então, a nossa grande missão é justamente transformar a cadeia de serviços
associados a estes atrativos em uma cadeia que esteja profissionalizada,
treinada e capacitada para receber os turistas e a gente poder desenvolver o
turismo na cidade. Leopoldina só tem passado e temos que começar a oferecer
alternativas para as pessoas ficarem, gostarem, amarem o município, quererem o
seu desenvolvimento, quererem buscar qualificação e uma das alavancas chave
neste sentido é a área de turismo, cultura, esporte e lazer. São quatro áreas
irmanadas, afetivas e que podem ser trabalhadas de forma bem estruturada,
estratégica, com uma boa leitura do que é a realidade atual, escolhendo projetos
para serem trabalhados. Nós não podemos atirar para todos os lados e sim temos
que colher alguns projetos, aqueles que são mais viáveis, que podem nos dar
retorno mais imediatamente, é aí que precisamos atacar. Já comecei a esboçar uma lista de afazeres e
de possibilidades para Leopoldina, no âmbito do turismo e da cultura e também
do esporte e do lazer. Tem coisas que a gente pode fazer, executar
imediatamente e que vão trazer retornos imediatamente. Eu gosto sempre de bater
nesta tecla, por que eu trabalho com eventos na cidade, trabalho com eventos no
meu hotel e sei qual é o potencial do mercado de eventos para alavancar
empregos, geração de renda e também divisas para o município, como impostos e
outros mais. A primeira coisa que nós temos que buscar realizar é a formatação
de um belo calendário de eventos turísticos para Leopoldina. Eu bato sempre
nesta tecla. Nós precisamos realizar e ter eventos fortes, ou seja, não pode
ser eventinho meia boca não. Nós temos um entroncamento rodoviário aqui em
Leopoldina muito especial e uma localização geográfica estratégica excelente,
que nos coloca a poucas horas de grandes centros emissores de turistas. Criando
eventos aqui no município, temos condições de atrais as pessoas. Um grande produtor
de eventos da nossa região, que traz esses grandes shows, como Mayara e Maraísa,
Gustavo Lima, e outros, que é o Carlos Garcia, ele se hospeda no Minas Tower e
ele me disse que é muito melhor realizar eventos em Leopoldina, do que em
Muriaé, que é bem maior que Leopoldina. Eu perguntei porque e ele me respondeu
que Leopoldina recebe a região inteira, tem um parque de exposições central e
estratégico, com acesso facílimo, tanto a pé como de carro e ele disse ainda
que Leopoldina é uma cidade bonita, bem quista, simpática e que tem excelente
estrutura para receber shows de grande porte, tem estrutura de equipamentos, de
hotelaria, estrutura gastronômica. Este empresário de shows tem uma visão
estratégica de realizar shows aqui em Leopoldina e ele está sempre promovendo.
Temos que começar a acreditar nas nossas potencialidades e transformá-las em
produtos vendáveis nos mercados de turismo e cultura a fim de fazer com que
este dinheiro chegue em Leopoldina, pois o retorno financeiro é rápido,
imediato. Este é o primeiro passo para começarmos a alavancar o turismo em
Leopoldina. O segundo passo, já seria um trabalho de conscientização, um
trabalho realizado nas escolas, sendo uma ação do resgate histórico e
patrimonial dos nossos valores, das pessoas de nossa cidade. Quem fez? Quem
participou da construção de Leopoldina? Quais são os nomes? Qual a história
política do município? Quais são os grandes artistas que por aqui passaram,
viveram e morreram em nossa cidade, como Augusto dos Anjos? Qual é o seu
legado?
Será necessário um grande trabalho de sinalização turística,
sendo importante conscientizar os agentes que tem contatos com os turistas, como
por exemplo, os policiais, os taxistas, os vigilantes, os frentistas dos postos
de gasolina, os garçons, os atendentes de lanchonetes e restaurantes, ou seja,
essas pessoas são veículos de vendas do município e nós temos que enxergar isso
e tratar essas pessoas como capital humano estratégico para a virada da cidade
rumo ao turismo. Essas pessoas não podem ser abordadas por um turista que pede
uma informação e eles não sabem informar, dizer que não conhecem um bom lugar
para almoçar, um local turístico para conhecer, para passear, para se divertir e
não podemos ter a resposta de que não sabem, diante das riquezas que nós temos
em Leopoldina, tanto de estrutura, quanto de atrativo. Agora, os atrativos têm
que ser acessíveis, bem sinalizados, tem que ser de fato bonitos, para causar
uma boa impressão, uma experiência, porque atualmente o turismo, a partir de
agora, principalmente a partir desta pandemia, o novo paradigma do turismo será
o turismo da experiência, ou seja, a pessoa sair da sua casa com a sua família,
para ter uma vivência que ela não tem no seu ambiente, é isso que nós temos que
proporcionar para as pessoas quando vem à Leopoldina, por exemplo para
assistirem um campeonato de vôo livre. Não pode simplesmente ser uma rampa mal
arborizada, mal tratada, sem um banheiro adequado, tem que ter uma condição de
alimentação adequada, uma ambientação sonora, de repente com artistas locais,
levar a gastronomia, por exemplo, para o Morro do Cruzeiro e realizar um belo
campeonato de vôo livre, mas com atrações sendo realizadas durante todo o dia,
para justificar que as pessoas venham de fora consumir aqui. Um dos problemas
que precisamos atacar é retirar a parte da alta tensão aérea, sendo que já
houve esse tipo de conversa com a Energisa, para que ela passe estes fios de
alta tensão para subterrâneo, no local onde é feito o pouso do vôo livre, que é
próximo ao posto de guarda da Polícia Rodoviária Federal, para conseguirmos
aprovar nas instâncias dos campeonatos de vôos livres federais e estaduais, que
as etapas sejam sediadas aqui em Leopoldina, tendo em vista que atualmente
existem normas de segurança que nós não conseguimos atender, por causa
especificamente destes fios de alta tensão.
Arnaldo Spíndola: E o turismo nos distritos?
Victor Guilherme – O turismo pode redescobrir, reativar os nossos distritos e
fazer com que as pessoas tenham vontade de permanecer lá. A nossa cidade tem um
potencial de atração pela religiosidade, como a “caminhada da fé”, que sai da
Igreja do Rosário, com destino a Piacatuba, a caminhada da Igreja da comunidade
da Onça, com destino à Tebas, e a caminhada com destino ao Morro do Cruzeiro, e
nós temos que abraçar estes eventos religiosos juntamente com a Diocese de
Leopoldina e transformá-los em atração turística. Vejamos: Foram gravados
filmes e mini-séries em Piacatuba e ninguém fala nada, temos que utilizar esses
oportunidades pra divulgar nossas potencialidades que já estão sendo percebidas
por produtores e artistas de fora, mas que nós mesmos não valorizamos da
maneira adequada.
Arnaldo Spíndola: Na sua opinião, Leopoldina
divulga bem as suas potencialidades turísticas?
Victor Guilherme – Gosto muito do exemplo do governo do
Estado da Bahia, pois é um vendedor espetacular do turismo deste Estado. Ao descer
no aeroporto de Salvador, a primeira coisa que a pessoa vê escrito é: “Sorria,
você está na Bahia”, sendo este o mote, o slogan da Bahia e onde quer que as
pessoas vão elas veem e ouvem falar sobre a Bahia: que é um local que não tem
inverno, região de praia o ano inteiro, lugar de passear, e não vemos falar
nada de Leopoldina e olha que temos um entroncamento rodoviário fabuloso, que
poderia estar sendo explorado de alguma forma, pois temos que vender o
município e uma forma excelente para vendermos o município, temos que investir
em outdoors nas rodovias convidando as pessoas que estão a passeio para
entrarem na cidade, almoçarem por aqui, conhecerem nossas belezas, se
hospedarem.... E, torno a dizer, a criação de um calendário oficial de eventos
será a porta de entrada para vender o município. Podemos trazer, por exemplo, grandes nomes da
música e com isso se traz também a mídia espontânea, haja vista que a mídia vem
atrás dos grandes artistas. E ainda, pode ser feito por exemplo um evento de
jazz, pega um Ivan Lins, ou um Wagner Tiso, aí teremos um grande artista de
peso, e devemos sempre incluir os artistas locais, pois temos ótimos músicos,
com sólida formação. E aí entra a importância da criação de um calendário de
eventos.
Um fato que tem me deixado muito triste ultimamente, é a
forma como tem sido feita a poda das árvores oitis, os mesmos já foram símbolo
de Leopoldina, justamente porque era feita aquela poda simétrica, linda. E as
pessoas viam uma alameda de oitis linda, bem aparada, todas iguais... e
lamentavelmente hoje é feita uma poda radical, invasiva, uma verdadeira ceifa
das pobres árvores. Outro fato que me incomoda demais, é aquele relógio da
coca-cola, instalado na Praça Félix Martins. Fico me perguntando o que este
relógio está fazendo ali, que ninguém demoliu, e não tirou até hoje ele de lá. Referido
relógio é feio e está contribuindo para a poluição visual do município e está
lá parado, não funciona há muitos anos, isto é lamentável, simboliza nosso
atraso, nosso descaso com a beleza de nossos equipamentos públicos. Neste
local, tem que ter um monumento de amor a Leopoldina e não um relógio da
coca-cola que não funciona. Tenho um pouco de conhecimento nas áreas de
turismo, lazer e gastronomia e esse conhecimento me favorece, para que eu possa
desenvolver alguns projetos e potencialidades que estão adormecidas em
Leopoldina e que com o funcionamento dos mesmos, podemos trazer grandes
benefícios para toda a nossa sociedade, pois o que mais queremos e sonhamos
para a nossa querida Leopoldina é o seu desenvolvimento e sempre faço de tudo
para honrar o nome da minha família, que sempre acreditou e que sempre investiu
na nossa querida Leopoldina.