terça-feira, 13 de setembro de 2022

Origem imperial: conheça a história por trás do nome da cidade de Leopoldina.

Município foi nomeado em homenagem à segunda filha do Imperador D. Pedro II, a princesa Leopoldina de Bragança e Bourbon.

Princesa e Duquesa, Leopoldina era uma mulher culta e preparada para os afazeres reais — Foto: Reprodução/Wikimedia Commons.

A cidade de Leopoldina teve a emancipação política em 1861, quando recebeu o nome em homenagem à princesa Leopoldina de Bragança e Bourbon, filha do Imperador D. Pedro II. O município, desde então, é um dos mais importantes do estado.

A Prefeitura da cidade inaugurou na última terça-feira (6) um monumento em homenagem à princesa na Praça Francisco Pinheiro Correia de Lacerda. A cerimônia veio na Semana da Pátria e um dia antes dos 200 anos de Independência do Brasil. 

Mas afinal como surgiu a cidade? Quais foram as motivações para a cidade carregar o nome da princesa? Quem foi a princesa Leopoldina de Bragança e Bourbon? Confira abaixo.

Origem da cidade

Leopoldina, foto de arquivo — Foto: Marlyana Tavares/TJMG

Após a transferência da família real portuguesa para o Brasil, em 1808, o município de Leopoldina começa a ser formado com a doação de terras para proprietários em 1813. O aglomerado de sesmarias formou o arraial do Feijão Cru.

Em 1840 foi criado o distrito de São Sebastião do Feijão Cru, que pertencia até então a cidade de São Manuel do Pomba, chamada hoje de Rio Pomba. Em 1851 o território foi anexado ao novo município da região, Mar de Espanha. 

Foi somente em 1854 que o município foi emancipado com o nome de Vila Leopoldina, em homenagem à princesa Leopoldina Bragança e Bourbon, filha do Imperador Dom Pedro II e da Imperatriz Dona Teresa Cristina, que na época tinha 7 anos.

Apesar de não ter uma ligação com a cidade, é importante ressaltar como era vista a família imperial brasileira naquela época, foi essa adoração que fez o município carregar o nome da princesa.

Quem foi a princesa e duquesa Leopoldina Bragança e Bourbon?

Princesa e Duquesa, Leopoldina era uma mulher culta e a consideravam preparada para os afazeres reais — Foto: Reprodução TV Globo   

Nascida em 13 de julho de 1847 no Palácio de São Cristóvão, a Princesa Leopoldina de Bragança e Bourbon carregava o nome da avó paterna, imperatriz do Brasil (1822 e 1826). Ela era filha de Dom Pedro II e Teresa Cristina e viveu entre até 1871, quando morreu aos 23 anos. 

A princesa teve desde cedo uma educação rígida, com aulas das 7h até 21h30, por 6 vezes na semana, como relatam os historiadores. Entre os educadores estava a Condessa de Barral, amante de Pedro II. Ambas as personagens foram retratadas na novela da Rede Globo, Nos Tempos do Imperador.

Com tamanho preparo, os relatos históricos dizem que a princesa concorreu ao trono diretamente com a Princesa Isabel, mais conhecida por assinar a Lei Áurea em 1888. Porém, ao contrário da irmã mais velha, Leopoldina não teve tempo para ficar marcada na história do Brasil, por morrer aos 23 anos.

Dom Pedro II em 1864, quando as filhas já estavam crescidas, pediu para que a irmã Dona Francisca encontrasse dois jovens príncipes para se casarem com Leopoldina e Isabel. Os escolhidos foram Luís Augusto de Saxe-Coburgo-Gota e Gastão de Orléans, respectivamente.

No contrato de casamento da princesa foram adicionadas cláusulas que previam a estadia do casal no Brasil, bem como ter os filhos no país, por não ser dada como certa a sucessão de Isabel ao trono.

Com o casório, Leopoldina ganhou uma quantia de 300 contos de réis, moeda da época, e um palácio próximo ao da família, no Rio de Janeiro. O local foi batizado como Palácio Leopoldina.

Mesmo sendo conhecida como princesa brasileira, ela havia renunciado aos títulos reais para se casar com o príncipe alemão Luís no mesmo ano. Leopoldina, após o casamento, foi para a Áustria, onde ganhou o novo título de "Duquesa de Saxe".

Em 1866, o casal teve o primeiro filho, Dom Pedro Augusto, quando a família então começou a residir no Brasil e na Europa, concomitantemente.

Vale ressaltar que no nascimento dos demais filhos do casal, a então duquesa retornava para o solo brasileiro quando estava para dar à luz aos novos sucessores, como aconteceu com Dom Augusto Leopoldo e Dom José Fernando, nascidos em 1867 e 1869, respectivamente.

Em 1970, quando estava para ganhar o mais novo príncipe Luís Gastão, o casal decidiu não mais retornar ao Brasil.

Dona Leopoldina, como também era conhecida, apresentou sintomas de problemas gastrointestinais. Inicialmente não se sabia o motivo, mas os primeiros sintomas da febre tifóide. Na época, Viena, capital da Áustria, passava por um surto da doença devido às condições da água.

Entre os primeiros sintomas e a quarta semana de contaminação, a duquesa sofreu com delírios e convulsões. Historiadores apontam que a princesa Isabel presenciou alguns desses momentos.

Um trecho do livro “O Príncipe Maldito: Pedro Augusto de Saxe e Coburgo: uma História de Traição e Loucura na Família Imperial” mostra uma carta de Clementina de Orléans que descreveu a agonia da nora em carta enviada à princesa de Joinville, a então tia da duquesa, Dona Francisca.

“Que a vontade de Deus seja feita, minha boa Chica, mas o golpe é duro e nós estamos infelizes. O estado de meu pobre Gusty me corta o coração, soluça cada instante, não come, nem dorme, e é uma terrível mudança. Ela o amava tanto! E eram tão perfeitamente felizes juntos! Ver tanta felicidade destruída aos 24 anos é horrível!!”

A princesa e duquesa morreu aos 23 anos na tarde de 7 de fevereiro de 1871.

*Estagiário sob supervisão de Carol Delgado.

 (Fonte: G1zonadamata)

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