quarta-feira, 21 de julho de 2021

ENTREVISTA: JOSÉ EDUARDO JUNQUEIRA FERRAZ.




“Precisamos de um grande pacto de união regional.”


Introdução:

“Leopoldinense, o advogado e agropecuarista José Eduardo Junqueira Ferraz, comenta nesta entrevista sobre a atual situação em que se encontra a Zona da Mata Mineira, bem como a possibilidade de Leopoldina eleger deputados nas eleições de 2022.”

O PROGRESSO - Fale um pouco sobre a sua história. Naturalidade, onde estudou, onde se formou, especializações na área de direito.

JOSÉ EDUARDO JUNQUEIRA FERRAZ - Eu sou leopoldinense, tenho 44 anos, sou casado com a minha querida Carolina e tenho dois filhos, Valentina e Joaquim. Estudei toda a minha vida no Colégio Imaculada Conceição, de onde sai apenas no, então, terceiro ano científico, para me preparar para o vestibular. Nesse momento, sai da casa dos meus pais - Salviano e Maria Claudia - e fui morar com meus avós maternos - José Eduardo e Maria Augusta.  Já no Rio de Janeiro, formei-me em Direito, na PUC-RJ, e, posteriormente, cursei Mestrado e Doutorado em Direito Civil, na UERJ. 

O PROGRESSO - Quais são os trabalhos que o senhor desenvolve atualmente?

JOSÉ EDUARDO JUNQUEIRA FERRAZ - Sou advogado, onde atuo nas áreas de contencioso e consultivo cível e empresarial. Ainda na área jurídica, atuo como professor universitário das disciplinas de “Direito dos Contratos”, “Direito das Obrigações” e “Direito Desportivo”. Além disso, possuo uma coluna no site globoesporte.com denominada “Esporte Legal”, onde comento fatos esportivos que tenham alguma conotação jurídica. Por fim, sou produtor rural, produzindo gado de leite e de corte em Leopoldina e em Argirita, locais onde possuo propriedades rurais.

O PROGRESSO - Como o senhor analisa a situação política e econômica atualmente da Zona da Mata, inclusive particularmente de Leopoldina?

JOSÉ EDUARDO JUNQUEIRA FERRAZ - A nossa microrregião sofre, há décadas, uma permanente e crescente crise econômica, com a piora sensível de todos os seus índices econômicos e sociais. Nota-se claramente a ausência de um projeto desenvolvimentista que gere emprego e renda para a população.  Por ser um traço comum a todas as cidades que integram a nossa microrregião, não havendo nenhuma que esteja se destacando excessivamente frente às demais, o primeiro diagnóstico que se faz é que o problema supera a questão relativa a eventuais falhas na administração local. Se fosse um problema local e não regional, haveria cidades na nossa micro região gozando de ampla prosperidade, mas, infelizmente, com raríssimas exceções, a realidade é a mesma: falta emprego, falta assistência médica, faltam opções públicas de formação educacional... Não bastasse tudo isso, um problema social que não tínhamos nos descobriu: a falta de segurança. Essa ainda era a última barreira a ser transposta em termos de retrocesso social e que recentemente foi, infelizmente, derrubada. Agora, definitivamente, fechamos o circuito: Falta-nos emprego, renda, saúde, educação e segurança. Esses múltiplos problemas, de forma simultânea, nas nossas mais diversas cidades, evidencia a fragilidade nítida de uma região que não possui representação parlamentar própria, que não tem ninguém verdadeiramente brigando por ela, defendendo seus interesses. Faça uma pesquisa rápida e você verá que em Leopoldina, por exemplo, votamos em diversos candidatos a deputados federais, dos mais diversos lugares. Qual a consequência disso? Não somos relevantes eleitoralmente para ninguém!!! Ninguém nos trata como uma cidade ou como uma população estratégica, a quem devam ser encaminhadas emendas e projetos estratégicos e relevantes. Repare que nos escassos benefícios públicos que nos são concedidos, nunca nos é concedido nada que venha a nos gerar um benefício definitivo e permanente. Por exemplo, precisamos de incremento e modernização das nossas instalações públicas, nas mais diversas áreas. O que recebemos daqueles que vem ser votados aqui para incremento dos serviços? Viaturas policiais e ambulâncias, tão somente! Precisamos asfaltar nossas estradas. O que recebemos daqueles que vem sendo votados aqui? Algumas poucas máquinas para tratorar as estradas de chão, que continuarão a ser para sempre de chão se não houver uma mudança radical no critério de escolha dos deputados por parte da população leopoldinense. Sabe por que isso acontece? Por que optamos muitas vezes por deputados que são votados no Estado inteiro, mesmo não tendo esse identidade com a nossa região e com a nossa cidade. Enquanto não tivermos uma representação política que seja realmente nossa, nossos cidadãos continuarão a realizar procedimentos de saúde dentro de caminhões, não de hospitais. Continuaremos a ter acesso a diversas viaturas e a nenhum novo curso universitário de natureza pública. Continuaremos a receber valores aleatórios e eventuais como forma de auxílio ao nosso hospital, mas não veremos nenhuma expansão, nenhum incremento definitivo na nossa rede hospitalar. Precisamos dar um basta a essas “gambiarras” e a esses “paliativos” e focar na busca de benefícios permanentes e definitivos para a nossa comunidade. Em suma, eu vejo uma nítida e íntima relação entre a Ausência de uma representação parlamentar que seja efetivamente ligada a nossa região e os problemas econômicos e sociais que nos afligem em que, infelizmente, crescem a cada ano.


O PROGRESSO - Qual é a importância, em sua opinião, de Leopoldina eleger um deputado federal e um deputado estadual nas eleições do próximo ano? O senhor enxerga esta possibilidade?

JOSÉ EDUARDO JUNQUEIRA FERRAZ - Do ponto de vista populacional, o quantitativo de eleitores nos autorizaria a sonhar até com 1 deputado federal e 2, no mínimo, estaduais. Para isso, precisamos de um grande pacto de união regional. Uma união que coloque em segundo plano todas as nossas diferenças e que coloque em destaque a necessidade de termos representantes efetivamente locais, que lutem por todos nós. Se quisermos ter na nossa microrregião um tratamento estratégico e preferencial, em termos de política pública, devemos votar em candidatos que tenham a agenda da região como a sua prioridade de luta. Insisto, precisamos de acesso a infra-estrutura nas mais diversas áreas e só um parlamentar que seja daqui, que tenha o DNA da nossa região, terá real interesse em destinar as suas emendas e o seu esforço para a nossa região. Em minha opinião, como disse a pouco, chegou a hora de darmos um basta a essas “gambiarras” públicas que nos são concedidas. Temos que lutar por um hospital regional; por instalações e instrumentos de ações policiais mais dignas e eficientes; temos que lutar por instalações hospitalares mais amplas e modernas; temos que lutar por emprego e renda para a nossa população; temos que lutar por formação profissional gratuita para nossos cidadãos. Em síntese, precisamos abolir os benefícios provisórios e eventuais e termos representantes que comecem a lutar para que também tenhamos acesso a benefícios definitivos, que nos auxiliem no nosso desenvolvimento socioeconômico. Só seremos vistos e ouvidos, se tivermos alguém que grite por nós!!

O PROGRESSO - O senhor foi coordenador da campanha vitoriosa do Prefeito de Leopoldina, Pedro Augusto, rumo à prefeitura no ano de 2020. Qual análise o senhor faz da campanha e do resultado?

JOSÉ EDUARDO JUNQUEIRA FERRAZ - Primeiro, em termos da campanha, tenho que agradecer ao meu tio Pedro Augusto pela confiança a mim depositada, em termos de coordenação da campanha dele. Ser prefeito de Leopoldina sempre foi o sonho dele. Ele voltou para a cidade com esse legítimo objetivo. Nesse sentido, ter confiado a mim a missão de coordenar um projeto tão importante para a vida dele, mesmo sendo uma missão inédita para mim, que nunca havia tido contato com a política partidária, foi um fato que me deixou muito honrado e lisonjeado. Quanto à eleição em si, acho que Leopoldina tinha grandes candidatos, nos mais diversos campos. Tínhamos candidatos muito capacitados, à direita, à esquerda e no centro. Candidatos dos mais diversos tipos e estilos, uns mais experientes, outros mais jovens, mas todos absolutamente capacitados para o cargo que almejavam.  No fim, ganhou aquele que ofertou uma proposta que mesclava o novo na política, com a experiência administrativa na esfera privada. Foi uma bela escolha e estou certo de que daqui a algum tempo os frutos dessa escolha ficarão visíveis para todos nós e para o bem de todos nós.

O PROGRESSO – No meio político, o seu nome tem sido colocado como um provável candidato a deputado. Procede?

JOSÉ EDUARDO JUNQUEIRA FERRAZ - Na verdade, entendo que nesse momento, a escolha do nome é o menos relevante. Para esse projeto político triunfar, devemos, em minha opinião, nesse momento, estarmos focados em empreender esforços no sentido de aglutinar o maior número possível de pessoas e lideranças em prol desse objetivo comum, que tende a gerar benefícios para toda a nossa microrregião. Fortalecido e consolidado o projeto, passa-se a identificação do nome que, na verdade, só vai encabeçar e dar forma a um projeto que, para ser vitorioso, tem que pertencer a todos nós.

O PROGRESSO – Alguma coisa que o senhor queira acrescentar.

JOSÉ EDUARDO JUNQUEIRA FERRAZ - Somente Agradecer pelo convite para a entrevista e destacar que a imprensa tem um papel muito relevante na solidificação desse processo de unificação de todos, em prol da defesa dos interesses comuns da nossa microrregião. Muito Obrigado pelo convite e pela oportunidade de me expressar aos seus leitores.

José Eduardo, ocasião em que ministrou uma palestra
 na Universidade  de Coimbrã, em Portugal.

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